terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Luta pela liberdade sob a bandeira da SS na Estônia


O reconhecimento dos legionários da SS nazista como combatentes pela liberdade do país irá dividir a sociedade da Estônia, diz Vladimir Metelitsa, presidente da Sociedade de Veteranos da Segunda Guerra Mundial, com sede em Tallinn. Tais manipulações da História são perigosas e podem levar a consequências imprevisíveis. O projeto é votado hoje, 24 de fevereiro, dia da independência da Estônia, no parlamento do país. 

Segundo as autoridades estonianas, o projeto-de-lei abrange todos os que lutaram pela restauração da independência da Estônia e não discrimina entre formas e pertença a qualquer ramo militar. Assim, podem ser considerados combatentes pela Estônia democrática tanto os veteranos da 20ª divisão estoniana da SS como os cidadãos que serviram na Wehrmacht, disse em entrevista à Voz da Rússia Vladimir Metelitsa:

"Isso nos indigna. Nos indigna essa tentativa de rever, de dar a volta à história da Segunda Guerra Mundial. Essa decisão é quase um crime, ela nega os resultados dos julgamentos de Nuremberga. A 20ª divisão era composta por assassinos, por pessoas que têm as mãos manchadas de sangue. Seu objetivo era a destruição de pessoas inocentes. Agora o parlamento está tentando declará-los heróis-libertadores da Estônia. Então, Hitler também pode ser declarado libertador da Estônia."

O reconhecimento dos “combatentes pela liberdade” era uma condição do acordo de coligação concluído pelo Partido Reformista da Estônia e a União pela Pátria e Res Pública. Hoje, esses partidos de direita formam a coalizão governista.

30 de julho, na localidade de Sinimäe no nordeste da Estónia, realizou-se o encontro anual dos veteranos da 20ª Divisão das SS. Foi lá é que se travaram durante vários meses os combates encarniçados, em 1944: os exércitos de Hitler, incluindo a 20ª Divisão das SS da Estónia, resistiram à ofensiva soviética. Ambos os lados perderam cerca de 200 mil pessoas.
É de realçar que o projeto-de-lei foi reanimado quando na sociedade se formou uma tendência para um consenso sobre a história do período soviético. Esta é uma tentativa de dividir a sociedade. Tudo isso vem da ignorância da história. A Divisão SS nazista é uma coisa, as pessoas que serviram no exército alemão por alistamento obrigatório já é outra. Nós estabelecemos contatos com essas pessoas aqui na Estônia. Há uma Sociedade da Segunda Guerra Mundial . Quando surgiu a questão de remoção do monumento do Soldado de Bronze, os membros dessa sociedade em uma mesa redonda tomaram o nosso lado. O Soldado de Bronze é um símbolo da vitória sobre o fascismo, acredita Vladimir Metelitsa.

“Já existe no país uma União de Combatentes pela Liberdade da Estônia, e seus membros são – intencionalmente ou não – veteranos da dita 20ª divisão da SS (a chamada “Legião Estoniana”). Nas vésperas da votação no parlamento, a 22 de fevereiro, a organização assinou um acordo com um membro da coalizão governista – o partido Reformista da Estônia. Além da questão do reconhecimento legal dos “libertadores”, o acordo diz que a organização pode receber ajuda do orçamento de Estado."

A embaixada russa na Estônia criticou duramente o projeto-de-lei. Historiadores, incluindo historiadores europeus, argumentam que tais tentativas de reescrever a História levarão ao esquecimento do Holocausto (a destruição em massa de civis pelos fascistas). Enquanto isso, a União Europeia, quase não reage às ações das autoridades estonianas. A Comissão Europeia disse apenas que iria verificar a conformidade do documento com o direito europeu.

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