domingo, 11 de fevereiro de 2018

Como a mídia 'mainstream' branqueia a al-Qaeda e os Capacetes Brancos na Síria (1/4), por Eva Bartlett

Pra situar o povo que pode vir a ler o texto inteiro (em quatro partes), tradução de texto por Luís Garcia (Portugal) sobre a guerra na Síria e sua cobertura pela dita 'grande mídia'. Vou adaptar, dentro do possível, a grafia portuguesa pra do Brasil, embora, particularmente, eu ache desnecessário, mas pode ser que alguém estranhe alguma expressão (exemplo: em Portugal se usa a expressão "media" em vez de "mídia", no Brasil).

Sobre os "Capacetes Brancos", dizem ser um grupo de voluntários a atuar no conflito sírio, só que recebem acusações de ser propaganda de guerra. Algo não incomum numa zona de guerra também nos relatos/versões da grande mídia.
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Como a mídia 'mainstream' branqueia a al-Qaeda e os Capacetes Brancos (White Helmets) na Síria (1/4), por Eva Bartlett

No dia 18 de dezembro de 2017, o The Guardian publicou um vergonhoso ataque contra a jornalista britânica Vanessa Beeley, contra Patrick Henningsen e o seu site de notícias independente '21st Century Wire', contra o professor e escritor australiano Tim Anderson, e contra mim própria. A julgar pelos mordazes comentários à publicação do The Guardian no Facebook, o público no geral não foi na conversa. O The Guardian, assim como o Channel 4 News e o Snopes, branqueiam o terrorismo na Síria, empregam argumentos do tipo non-sequitur, promovem propaganda de guerra, e pura e simplesmente não entendem nada daquilo que se passa:










Como o suposto tema desta estória do The Guardian era o assunto dos socorristas na Síria, vou começar por falar sobre os verdadeiros socorristas que conheço e com quem trabalhei em circunstâncias infernais em Gaza.

Em 2008/9, ofereci-me como voluntária na ajuda a médicos palestinos durante os 22 dias de implacáveis e indiscriminados bombardeios de aviões de guerra e helicópteros Apache israelenses, e de bombardeios vindos do mar, de tanques e de drones. A perda de vidas humanas e de gente ferida foram imensas, com mais de 1.400 palestinos assassinados e milhares de outros mutilados, na sua maioria civis. Usando equipamento rudimentar e degradado (igual ao que se passa com os verdadeiros socorristas na Síria), os médicos palestinos trabalharam de forma incansável, dia e noite, para salvar vidas de civis.

Não houve uma única ocasião em que eu tenha ouvido os médicos (numa Gaza que é sunita) gritar "takbeer" ou "Allahu Akbar" enquanto se resgatava civis, muito menos caminhar intencionalmente sobre cadáveres, posar para vídeos encenados ou qualquer um dos outros revoltantes atos que os Capacetes Brancos (White Helmets) têm sido filmados a fazer na Síria. Estes médicos estavam demasiado ocupados resgatando gente e evacuando antes que viesse outro ataque israelense, e geralmente mantinham um focalizado silêncio enquanto trabalhavam, comunicando apenas o necessário. As únicas ocasiões em que eu me lembro de ouvir gritar enquanto estive ajudando estes médicos foram os gritos de civis que íamos recolhendo e, em particular, os gritos angustiados de um marido ajudando a colocar as partes do corpo da sua esposa desmembrada numa maca para ser levada para a morgue. Os médicos que conheci em Gaza eram verdadeiros heróis. Os Capacetes Brancos, nem pensar. Os Capacetes Brancos são grotescas caricaturas de socorristas.

Um membro dos Capacetes brancos. “Neutro e não armado”?

CONTINUA

Eva Bartlett, 06.01.2018

traduzido para o português por Luís Garcia

versão original em inglês: How the Mainstream Media Whitewashed Al-Qaeda and the White Helmets in Syria

Fonte: blog Pensamentos Nómadas

Parte 2

Um comentário:

  1. The Guardian usa métodos "Goebbels" simplesmente....

    Queria ver se teria coragem de denunciar com essa agressividade... EUA, GB e Israel...

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